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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Cidadão global

A chegada de mais um neto, além da imensa alegria, traz algumas verificações de nosso modo de vida, rotulemos: brasilis. Coisas da antropologia, latinizar. Homo sapiens, não é?

E olhando o café da manhã todos os fins de semana me autorizo servir à quem ilumina meu modesto caminho com facho forte, observei a amálgama do posto à mesa.

De origem dos confins do gelado norte da Alemanha, Hackepeter. Que me autorizo a fazer, esse tartare de paleta de porco, crua. Tempero com vinagre, para matar o imaginado poderia haver. Sal, pimenta, cebola picada e um pouco de óleo. A comer com manteiga no pão preto e um pouco de mostarda.

Ao lado mamão, da terra, simples e saboroso. Apenas limpo. Adiante uma geléia francesa, maravilhosa. E escorrego para aipim cozido, macio com frugal requeijão cremoso, mineiríssimo, dizem.

O café de origem etíope, depois lavado para dentro com um suco de umbu, do oco do toco da caatinga, a lembrar. Com leite, segue outra xícara do grão  africano replantado em Guaxupé.

E pão “alemão” como diz a embalagem. No que passei hommus, libanês. Tudo escrito em português, francês e até inglês.

Assim o netinho querido.

Certa mescla global. O pequenino tem a genética “brasileira” completa, se isso existe. De sangue parte tapuia, dizem vieram caminhado da Ásia, outras partes do Líbano ou Síria, da Baixa Saxônia, Itália, Espanha e coisas andinas, africanas, lusitanas, sefarditas e até, assim descubro em esclarecedor escavador genético de DNA, Irlanda, Noruega, Polônia e Península Árabe. 

A nascer em São Paulo, onde se torna mais potente essa mistura. O pequeno é cidadão global.

Somos assim.

Aipim (manihoc esculenta), delícia brasileira.

Mamão, sempre bom.

Hackepeter (Pedro picador em tradução mambembe), paleta de porco crua, vinagre e sal.

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