Cada panela tem sua tampa...
No bobo escândalo referente tablóide inglês, uma figura interessante é a bonita esposa de Rupert Murdoch. Aparentemente bem mais jovem, estima-se à boca pequena ser apenas interesseira. O homem é um dos mais ricos do planeta, dono de ultra-imenso império editorial. Por aqui é dono da péssima e caríssima Sky, com quem todos amantes de TV paga já devem ter tido seus conflitos.
Mas observando sua reação ao verificar o marido iria ser atacado com uma torta de creme (de barbear, simpática concessão do agressor), a senhora Murdoch sentou um tapa de tal magnitude no comediante inglês (sim, comediante), esse mal conseguiu terminar a tarefa de ridicularizar o velhinho.
Murdoch tem 81, lacônico, como bom e velho tipo autoritário afirmou de nada saber sobre as escutas ilegais feitas por seus jornalistas. Para quem vive da palavra e da fantasia, atitude bem grotesca.
Aloprados os jornalistas, com certeza.
Lula fez escola, ninguém sabe de nada, até na Inglaterra. Basta por aqui ver Dilma e o DNIT, somente agora descobriu nos furtavam há anos.
Pensei comigo, se fosse interesseira a senhora Murdoch, defenderia assim o magnata?
Dizem onde se crava a seta do anjo Amor, a paixão eclode. E os alvos podem ser os mais variados. Às vezes tão distintos entre si, torna-se até inverossímel. Porém mostra-se real.
Lembro de estranho caso de um jovem com paralisia cerebral, balbuciava apenas, vivia pelo colo da mãe. Era alimentado, não coordenava os movimentos. Inteligente, jogava xadrez, lia, assistia TV e penso de alguma forma acompanhava a escola. Crescido, a mãe não dava mais conta das tarefas da higiêne e movimentação, contratou uma ajudante.
Que meses depois surgiu grávida, pediu a conta para retornar ao Nordeste e ter o bebe. A mãe do rapaz, inconformada com a despedida, sugeriu melhora salarial e que seria melhor ter o bebe por Sumpa mesmo, pagando o parto seguro. Porém, já desconfiava algo ali havia acontecido e perguntou à moça, à queima roupa, se o pai era seu filho.
Essa confirmou, assim o rapaz. A mãe encantada com a demonstração de afeto da moça ao seu filho e a chegada de um neto, mal se continha de alegria.
A mais nova princesa das de Monaco acabou se encantando com, vejam só, seu humilde segurança pessoal. Com toda a disponibilidade de hemofílicos príncipes e nobres europeus à disposição, ficou com o pouco exigente e discreto sujeito. A irmã, após várias outras tentativas encantou-se com um príncipe de verdade. Mas não por ser príncipe e sim por partir para cima, com violência, dos paparazzi. Algumas mulheres se encantam quando são defendidas com vontade. Além desse príncipe lutar há anos contra o pesado alcoolismo, no que talvez ela sinta-se um tantinho útil em sua serenidade.
Os alemães e seu provérbios esdrúxulos e brutos têm para esse fenômeno dois exemplos citaria:
" Wo die Liebe hinfällt, dort brennt sie. Selbst wenn es auf den Misthaufen ist. " (Onde o amor cai ele queima, mesmo que seja sobre o estrume.)
ou
" Für jeden Topf findet sich einen Deckel. " ( Para cada panela encontra-se uma tampa ).
Mesmo que a panela seja de barro e a tampa de inox...
Certa fina senhora, das castas privilegiadas de um muito distante interior da velha Bahia, me contava sonhar os filhos todos bem se casassem e ficassem por perto, para a continuidade da feliz família. Imaginou até certos enlaces possíveis, à maneira de indianos e árabes, quando os filhos ainda crianças.
A filha mais velha, munida de sólida educação em colégio de freiras e faculdade boa, casamento marcado com gente "de bem" e aprovada por todos, pouco antes do enlace largou tudo para firmar-se em parceria apaixonada com, vejam só, um maduro professor seu. E, os santos perdoassem, divorciado; com filhos.
Mais adiante acerta-se o compasso, e seu varão da prole após algumas discretas solicitações e pressão, casa-se com moça da terra, de boa família, etc. etc. Confessa depois arrependido, seu verdadeiro amor era por outra.
O mais jovem, nova esperança, surge com bela namorada. "Semi-aprovada", moça da capital, de hábitos mais liberais, passável. Porém ainda na faculdade engravida do mancebo. Aceitou-se. Todavia o rapaz fez várias outras tentativas, hoje parece ter acertado, diz ela, convicta. Provou várias tampas, espera-se tenha achado a correta.
Outro filho, estimando-se seria feliz e empurrado para uma união com moça de outra boa família, encrenca-se com jovenzinha de origem menos nobre, hoje mãe de seus dois filhos, separada dele, morando no "estrangeiro"... O rapaz não arriscou novo enlace, vive só.
E a jóia restante da coroa, a segunda filha da agora velha senhora, era a cartada final para a coisa não deteriorasse totalmente. Me contou ficava encantada com a corte um hoje juiz ou desembargador na capital fazia à filha, com violão e modinhas. Ou o forte filho de boa família, médico veterinário, o pai um dos maiores plantadores da região, gente tinha até avião! E alguns outros.
Mas a pedrinha preciosa acabou se casando com um meio carcamano paulistano de origem incerta, filho de soturnos imigrantes, mal-humorado, ateu convicto e, para seu horror como mãe cuidadosa com a estética, gordo. Saiu a moça da Bahia, para "ficar" com o sujeito, parece até acostumou à penúria da vida no Planalto Piratininga, com seu frio e poluição.
Enfim, para todas panelas há tampas, apesar de nem sempre aparentarem combinar.
Somos assim.